SÉRIE ESCOLA: Educação Permissiva ou Educação Positiva? Entenda as Diferenças e Suas Consequências na Vida dos Seus Filhos

Olá você! 

Outro dia encontrei um vídeo de 2024 de uma professora chamada Rebeca Café em um desabafo que viralizou nas redes sociais dela. No vídeo em questão, ela mostrava claramente como a falta de limites na criação dos filhos sobrecarrega também o ambiente escolar: "Está um inferno dar aula para o seu filho. Ele não obedece absolutamente ninguém e não tem noção de autoridade." Esse desabafo retratou muito do que eu presencio o tempo todo como pessoa que atua na educação há mais de vinte anos, e  que me levou a algumas reflexões que quero compartilhar com você hoje. Vamos falar de diferentes formas de educar — tanto positivas quanto negativas: Educação Permissiva e Educação Positiva.

Sabe aquele momento em que você está no supermercado e uma criança faz aquela cena inesquecível, se jogando no chão porque não conseguiu o brinquedo ou doce que queria? E aí, para acabar com a vergonha, os pais cedem. Já viu isso? Ou talvez, em algum momento, você mesma já tenha passado por isso. Pois bem, esse episódio resume um tema que considero essencial: a diferença entre educação permissiva e educação positiva.

Eu costumo pensar na educação como o ato de plantar uma árvore. Imagine comigo: uma árvore precisa de solo firme, mas também de água, sol e espaço para crescer. O solo firme são os limites que colocamos. A água e o sol são o carinho e o incentivo que oferecemos. E o espaço para crescer é aquele “empurrãozinho” para que a criança comece a lidar com as próprias escolhas. Agora, se exagerarmos em um dos elementos ou negligenciarmos outro, o que acontece? A árvore não cresce forte, não dá frutos.

E isso me leva ao ponto central: o que é a educação permissiva? Ah, eu vejo isso como o excesso de água e falta de solo. Quando dizemos “sim” para tudo, não queremos que nossos filhos fiquem tristes ou frustrados, mas acabamos privando-os de algo essencial: aprender que a vida também diz “não”. Eu sei, é doloroso. Ninguém gosta de ver um filho chorar porque ouviu um “não”. Mas já percebeu como isso é um presente? O mundo vai dizer “não” em algum momento — e, olha, talvez de forma bem mais dura. Se nós, pais, não ensinarmos nossos filhos a lidarem com isso desde cedo, quem vai ensinar? A vida? A vida é uma professora áspera.

Aí, é claro, surge a pergunta: então é para dizer “não” o tempo todo? Não mesmo! E é aqui que entra a educação positiva. Pense nela como um “não” com amor, como um “espere” cheio de intenção. Quando dizemos “espere”, não estamos apenas adiando algo; estamos ensinando a virtude da paciência, tão rara hoje em dia. Quando dizemos “não” com firmeza e acolhemos o choro que vem depois, não estamos sendo cruéis. Estamos ajudando nossos filhos a entender que frustrações fazem parte da vida — e que eles conseguem superá-las.

Outro dia assisti a uma entrevista com o educador e filósofo Mário Sérgio Cortella, que gostei bastante. Ele disse que a diferença entre os dois tipos de educar não é uma linha tênue, mas um verdadeiro abismo: "A educação permissiva é irresponsável, é leviana. Ela destrói as capacidades de convivência em comunidade, começando na família e se estendendo à escola, à igreja, ao clube. Já a educação positiva, quando exercida com inteligência e competência, ensina limites sem o peso de um autoritarismo equivocado."

E agora você entenderá por que eu citei como exemplo lá atrás uma criança dando birra em um supermercado. Deixa-me compartilhar uma história que aconteceu com uma muito pessoa muito querida. O filho dela, na época com cinco anos, queria um brinquedo caríssimo no supermercado. Era um trator que custava quase o dobro do que ela tinha planejado gastar naquele dia. Ele fez manha, chorou, tentou de tudo. Ela conta que a vontade dela era acabar logo com aquela cena, comprar o trator e sair dali. Mas resistiu. Ela se abaixou, olhou nos olhos dele e disse: “Filho, eu sei que você quer muito esse brinquedo, mas hoje não vamos levar. Talvez outra hora. Agora, ajude a mamãe a terminar as compras, e podemos conversar sobre isso depois.” Ele continuou chorando, claro. Mas sabe o que aconteceu no fim? No próximo passeio ao supermercado, quando viu outro brinquedo, ele nem pediu. Apenas olhou e disse: “Esse também é legal, mas nós não estamos comprando brinquedos, né, mamãe?” Ela sorriu e respondeu: “Isso mesmo, filho.”

Esse tipo de aprendizado é lento e exige consistência, eu sei. Muitas vezes, a gente sente que está nadando contra a corrente. Mas vale a pena. Quando dizemos “não” e “espere”, estamos ensinando nossos filhos a navegar na vida com mais confiança, autonomia e empatia. Eles aprendem a valorizar o que têm, a respeitar os outros e, principalmente, a confiar que os pais sabem o que é melhor para eles. A educação permissiva dá liberdade, mas sem estabelecer limites claros. Pode parecer um gesto de amor incondicional, mas, na realidade, coloca a criança em um mundo sem estrutura. E sem estrutura, ela não aprende a lidar com frustrações, a respeitar normas e, consequentemente, tem dificuldade em viver em sociedade.

Crianças criadas sob a ótica da permissividade podem desenvolver uma visão distorcida de liberdade, acreditando que podem fazer o que quiserem, sem considerar o impacto de suas ações. Procure vislumbrar como pode acarretar dificuldades futuras ao seu filho, seja no trânsito, no trabalho e até mesmo nos relacionamentos que ele terá no futuro.

E olha, se você acha que é tarde demais para mudar, eu quero te encorajar. Nunca é tarde para reavaliar como educamos. Comece com pequenas mudanças:

1.   Estabeleça regras claras: Elas trazem segurança e ajudam a criança a compreender os limites do que é aceitável e as consequências de cada escolha.

2.   Dê o exemplo: Como pais, somos os primeiros modelos de nossos filhos. Demonstre respeito, paciência e responsabilidade.

3. Mantenha-se firme: Mesmo quando for difícil. Educar é um ato de coragem e amor.

4.  Valorize o diálogo: Escute o que seu filho tem a dizer, mas saiba conduzir a conversa com firmeza e clareza.

5.   Reconheça o esforço: Elogie os comportamentos positivos e mostre que as boas escolhas trazem recompensas.

Educar é um ato de amor que exige equilíbrio. E o amor verdadeiro não evita frustrações, mas ensina a enfrentá-las com coragem. Liberdade sem responsabilidade não é liberdade, mas caos. Limites bem estabelecidos são como cercas de proteção que permitem à criança explorar o mundo com segurança. E lembre-se: às vezes, o maior gesto de amor que podemos dar aos nossos filhos é justamente não dar tudo o que eles querem.

Vamos juntas nessa jornada? Eu acredito que, ao refletirmos e ajustarmos nossas ações, estamos preparando nossos filhos para um futuro em que eles serão pessoas mais felizes, equilibradas e realizadas. Afinal, nós plantamos hoje as sementes do que eles serão amanhã.

E você, como tem lidado com essas situações? Vamos trocar experiências? Eu adoraria ouvir sua história.

Com carinho,

Klênia Pereira

Blog Educa Filhos


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