O drama de ser a avó paterna: desafios de participar da formação dos netos.

Oi, me conta aí: você é avó? Acredito que sim, pois veio a este texto pelo título. Mas também quero crer que alguém aqui não seja, mas que se sensibilizou com o título, e que após terminar a leitura, eu tenha agregado alguma coisa na vivência da sua família também. De qualquer forma, seja você quem for, seja bem-vindo!

Mas afinal, de que drama estamos falando? Bem, algo para o qual nosso pensamento não se volta quando nosso filho é apenas um lindo menininho de dois, cinco ou dez anos, é que, num futuro não tão distante assim, na verdade, aquele menininho de cabelinhos cacheados, bochecha rechonchuda, olhar meigo e apaixonado voltado para você, um dia tornar-se-á um belo rapaz, casar-se-á e se tornará o chefe de sua própria família, o esposo de uma linda dama, e que ambos se tornarão pais de um pequeno ser que irá expandir a sua capacidade de amar para além da sua compreensão. Assim surgem os avós!

A situação é nova para ambas as partes. De um lado, a mamãe, com todas as células de seu corpo voltadas para o seu bebê, envolta naquela ligação transcendente que sabemos ocorrer entre a mãe e sua prole, pois um dia aconteceu contigo.  Um encantamento de descobrir-se capaz de gerar um outro ser dentro de si, e que, não importa o que lhe aconteça a partir dali: você cumpriu sua maior missão. Agora você se sente completa.

Do outro lado, as avós, materna e paterna, enchem de mimos a criança, cuida da mamãe de resguardo, dá os primeiros banhos, pois a mãe ainda não se sente segura para algo tão melindroso. Regateamos com o menino no colo, mil e uma poses com o bebê para seu próprio registro, presentes aleatórios que agradem a mamãe, pois o bebê ainda não se importa com mais um macacãozinho ou aquele sapatinho em forma de all star. Se a naninha tem forma de macaco ou de girafa. Se o móbile do berço tem as estrelas do céu ou os integrantes da patrulha canina... Qualquer coisa serve para demonstrar o carinho, o agradecimento por simplesmente ter possibilitado a perpetuidade de tua descendência pelo menos por mais uma geração.

Esta criança começará a crescer e se desenvolver, e como toda criança, começará a ter uma percepção maior das suas vontades e inclinações. Entrará na fase em que os adultos à sua volta, especialmente os pais, moldarão o seu caráter com exemplos próprios e ensinamentos.

Por óbvio, estou falando aqui para as MÃES do pai da criança, a AVÓ PATERNA. Digo óbvio, porque a avó materna tem muito mais abertura para tratar com a filha, e os conselhos que vierem dela, que é a mãe, não serão interpretados como intromissão.  Por mais que a relação entre vocês, sogra/nora, seja estreita, harmoniosa, vai aqui um conselho por precaução: não esperem avançar os meses e anos de vida da criança sem terem uma conversa amorosa e franca sobre seus respectivos papéis na vida e na formação dela. Porque SIM, você TAMBÉM exerce um papel.

Ajustem, de maneira cordial e humilde, ali, nos primeiros dias do bebê, que todos nós temos a ensinar e a aprender. Perscrute, você, avó paterna, se estará tudo bem em a avó ajudar nos aconselhamentos, caso perceba a necessidade. E busque deixar claro, se é que seja necessário, que os aconselhamentos não terão o intuito de agredir, mas que partiram de uma percepção de quem também ama aquela criança com todo o seu coração.

E, para a mãe, que está tudo bem em ser aconselhada. Afinal, ela própria admite, ao menos para si, que não nasceu mãe, mas que se tornou uma, e que está no caminho do aprendizado, cada dia um pouco mais, sempre buscando o melhor para seu filho. E está tudo bem. Compreendemos isso, e valorizamos. Também conosco não foi diferente, mas foi algo que JÁ passou. O que acertamos, o que erramos, é para que possamos ajudar outras para que não precisem errar nossos mesmos erros. Afinal, isso sim, é a definição da verdadeira sabedoria.

Assuntos sobre a formação e o desenvolvimento de um bebê tendem a ser inesgotáveis, e nem sempre conseguimos estar atentos a tudo. Com a mamãe se dá assim também. E ÉÉÉ normal! Não somos super robôs, embora sejamos mães, não temos superpoderes. Por isso mesmo, algumas questões podem nos escapar. Nem sempre quando estamos imersos no processo da convivência com o bebê no dia a dia, percebemos tudo. É natural que quem esteja de fora perceba algo que nos esteja escapando aos olhos.

E aqui entra a humildade em aceitar um conselho, mesmo que num primeiro momento pareça uma crítica. E é claro que, se é um conselho, partiu de uma crítica, mas de uma análise crítica, pautada numa observação dos fatos, com o intuito de ajudar, de clarear. Aqui entra a sensibilidade da avó em fazê-la com amor, com caridade, com respeito.

Se assim o foi, e a reação foi negativa, eu digo para você, vovó: descanse o coração! Mesmo que de imediato não tenha sido bem recebido. Mesmo que a reação foi de rejeição ao conselho. Mesmo que ela, ou até mesmo eles, os pais, se fechem e se retraiam. Porque sim, seu filho também pode compreender desta forma, tomar as “dores” da esposa, e não ter o amadurecimento para intermediar o suposto “conflito”.

Agora é a hora de deixar o tempo agir. Se você está certa de que seu aconselhamento é válido e oportuno, que foi gestado no seu coração, meditado intimamente com o auxílio do Espírito Santo, que suas palavras foram recheadas com amor e caridade, tudo entrará no eixo novamente. O rio seguirá o curso natural.

Quem sabe sua nora reflita que ela também, sendo um dia mãe um menino, poderá se ver passando pelo mesmo drama no futuro, e se sensibilizará com você.

Que o desenvolvimento e o bem-estar da criança possam estar acima de egos feridos. Que não há rivalidade. Compreenderem que uma não está querendo tomar de assalto o lugar privilegiado da outra: ser mãe daquele serzinho é divino, mas que ser avó também é algo fabuloso; que a avó, se bem aproveitada, não será apenas uma fonte de presentes, ou acolhida para almoços de domingo, mas um manancial de partilhas, de experiências, de percepções que vêm com o ato de envelhecer/amadurecer.

Mas e você, me conte aqui nos comentários se você é avó paterna, se você já passou, ou passa por essa situação, e, se sim,  como você tem superado essa barreira? Assim você ajuda outras mamães e vovós que passam por problemas parecidos e oferecem uma luz no fim do túnel.

Por fim, continue pondo-os em suas orações, diárias e incessantes. Esta é, sem dúvida alguma, a melhor maneira de ajudá-los, os pais, e os seus netos. E deixe Deus agir. Como diz a velha máxima: deixe o barro secar.

Com carinho,
Klênia Pereira
Blog Educa Filhos.

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